Mensagens

A mostrar mensagens de setembro, 2016

"Não há Vagas"

O preço do feijão não cabe no poema. O preço do arroz não cabe no poema. ... Não cabem no poema o gás a luz o telefone a sonegação do leite da carne do açúcar do pão O funcionário público não cabe no poema com seu salário de fome sua vida fechada em arquivos. Como não cabe no poema o operário que esmerila seu dia de aço e carvão nas oficinas escuras - porque o poema, senhores, está fechado: "não há vagas" Só cabe no poema o homem sem estômago a mulher de nuvens a fruta sem preço O poema, senhores, não fede nem cheira Ferreira Gullar, in 'Antologia Poética'