AS ÁGUAS DA ESPERANÇA E DA POESIA
O homem recolhe calmamente seus pertences, guarda na bolsa verde o lápis, o bloco de anotações e volta-se pela última vez para o mar. Este lhe responde enviando mais uma onda, desta vez mais forte, que apaga da areia os traços feitos com o lápis. O homem levanta-se e agradece as águas por serem suas cúmplices pessoais e ficcionais, já que elas representam para ele a alegoria de criação do universo, da renovação e do equilíbrio cósmico que possibilitou-lhe e a suas personagens enxergarem-se e compreenderem-se para, então, verem e entenderem profundamente todas as “verdades” que se lhe apresentavam. Ele sabe que as águas são guardiãs da sabedoria angolana já que elas constituem o rio que divide o mundo dos vivos e dos espíritos, de cuja união depende a harmonia da existência porque um inexiste sem o outro. É através do seu correr incessante que se movem as forças primordiais geradoras da vida que fazem com que exista sempre uma possibilidade de recomeço. Tal como nas histórias ouvidas e...