Por que as mulheres estão cada vez mais se exibindo?
Porque elas se mostram!
Sou contra o excesso de psicologização e cientifização da sexualidade, como se tudo pudesse ser explicado por médicos. Quando falamos de sexo, tem sempre um elemento não sexual na jogada. E, quando falamos de outras coisas, tem sempre um elemento de sexo. É assim que olho para a questão da exposição feminina voluntária na Internet.
Gosto dessa exposição, mas não sei o quanto disso é feito por liberdade e o quanto é feito porque as mulheres estão reféns de uma estrutura oculta. Não sei mesmo.
As mulheres são dependentes do olhar masculino para afirmar sua identidade. “Quem sou?” é inseparável de “Quem você vê quando olha pra mim?”. Como disse Sartre, o corpo só se faz corpo quando tocado por outro. A exibição do corpo é, nesse sentido, uma forma de ser olhada, reconhecida, de se sentir viva, de ter o próprio corpo, por mais estranho que isso pareça.
E pra quem elas se expõem? Para algum homem específico? Para a mídia? Não, elas se expõem para a Internet. Isso mesmo, pois a Internet é a garantia de que elas serão vistas por alguém. Serão vistas, é isso o que importa. Elas não precisam nem expor o nome ou o rosto. O gozo está no próprio ato de se mostrar e depois de se ver na tela com a certeza de que alguém as vê. É um processo interno.
Às vezes essa sensação de existir para um estranho é muito mais satisfatória do que a relação que ela construiu com as pessoas ao redor. E que desejam dar pra alguém que só vê de longe todo dia ou com quem trocam palavras no Chat… Ou mulheres que correm atrás de homens que as ignoram completamente. A Internet, assim, faz o papel desse homem que as acolhe e contempla sem julgamentos.
Um outro factor interessante é que o toque masculino é cada vez mais restrito ao sexo. O madie chega cansado, não sabe dançar, não vai fazer uma massagem, não vai levar pra jantar, sentar ao lado e ficar acariciando… Nada disso. As mulheres, sem saber, acabam depositando todas as esperanças no sexo. Não é por acaso que muitas vinculam tanto sexo a amor, paixão, envolvimento. Em muitos casos, é o único momento em que se sentirão amadas, tocadas, olhadas, desejadas pelos seus parceiros.
Essa vinculação de sexo à sensação de ser vista, tocada e amada se expande para além da cama e dos relacionamentos. De algum modo, se expor, tirar a roupa, se exibir causa uma satisfação pela imaginação de que, com o ato, ela está sendo mais admirada, valorizada, desejada, amada, enfim, por algum homem. Como o toque e o olhar do outro nos trazem à vida, estamos falando da própria sensação de existir. Não é pouco.
Dinocalei
Sou contra o excesso de psicologização e cientifização da sexualidade, como se tudo pudesse ser explicado por médicos. Quando falamos de sexo, tem sempre um elemento não sexual na jogada. E, quando falamos de outras coisas, tem sempre um elemento de sexo. É assim que olho para a questão da exposição feminina voluntária na Internet.
Gosto dessa exposição, mas não sei o quanto disso é feito por liberdade e o quanto é feito porque as mulheres estão reféns de uma estrutura oculta. Não sei mesmo.
As mulheres são dependentes do olhar masculino para afirmar sua identidade. “Quem sou?” é inseparável de “Quem você vê quando olha pra mim?”. Como disse Sartre, o corpo só se faz corpo quando tocado por outro. A exibição do corpo é, nesse sentido, uma forma de ser olhada, reconhecida, de se sentir viva, de ter o próprio corpo, por mais estranho que isso pareça.
E pra quem elas se expõem? Para algum homem específico? Para a mídia? Não, elas se expõem para a Internet. Isso mesmo, pois a Internet é a garantia de que elas serão vistas por alguém. Serão vistas, é isso o que importa. Elas não precisam nem expor o nome ou o rosto. O gozo está no próprio ato de se mostrar e depois de se ver na tela com a certeza de que alguém as vê. É um processo interno.
Às vezes essa sensação de existir para um estranho é muito mais satisfatória do que a relação que ela construiu com as pessoas ao redor. E que desejam dar pra alguém que só vê de longe todo dia ou com quem trocam palavras no Chat… Ou mulheres que correm atrás de homens que as ignoram completamente. A Internet, assim, faz o papel desse homem que as acolhe e contempla sem julgamentos.
Um outro factor interessante é que o toque masculino é cada vez mais restrito ao sexo. O madie chega cansado, não sabe dançar, não vai fazer uma massagem, não vai levar pra jantar, sentar ao lado e ficar acariciando… Nada disso. As mulheres, sem saber, acabam depositando todas as esperanças no sexo. Não é por acaso que muitas vinculam tanto sexo a amor, paixão, envolvimento. Em muitos casos, é o único momento em que se sentirão amadas, tocadas, olhadas, desejadas pelos seus parceiros.
Essa vinculação de sexo à sensação de ser vista, tocada e amada se expande para além da cama e dos relacionamentos. De algum modo, se expor, tirar a roupa, se exibir causa uma satisfação pela imaginação de que, com o ato, ela está sendo mais admirada, valorizada, desejada, amada, enfim, por algum homem. Como o toque e o olhar do outro nos trazem à vida, estamos falando da própria sensação de existir. Não é pouco.
Dinocalei
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