Adeus à hora da largada
Minha Mãe
(todas as mães negras
cujos filhos partiram)
tu me ensinaste a esperar
como esperaste nas horas difíceis
Mas a vida
matou em mim a mística esperançaes
Eu já não espero
sou aquele por quem se espera
Sou eu minha Mãe
a esperança somos nós
os teus filhos
partidos para uma fé que alimenta a vida
Hoje
somos as crianças nuas das sanzalas do mato
os garotos sem escola a jogar a bola de trapos
nos areais ao meio-dia
somos nós mesmos
os contratados a queimar vidas nos cafezais
os homens negros ignorantes
que devem respeitar o homem branco
e temer o rico
somos os teus filhos
dos bairros de pretos
além aonde não chega a luz elétrica
os homens bêbedos a cair
abandonados ao ritmo dum batuque de morte
teus filhos
com fome
com sede
com vergonha de te chamarmos Mãe
com medo de atravessar as ruas
com medo dos homens
nós mesm
Amanhã
entoaremos hinos à liberdade
quando comemorarmos
a data da abolição desta escravatura
Nós vamos em busca de luz
os teus filhos Mãe
(todas as mães negras
cujos filhos partiram)
Vão em busca de vida.
AGOSTINHO NETO
(1922-1979)
(todas as mães negras
cujos filhos partiram)
tu me ensinaste a esperar
como esperaste nas horas difíceis
Mas a vida
matou em mim a mística esperançaes
Eu já não espero
sou aquele por quem se espera
Sou eu minha Mãe
a esperança somos nós
os teus filhos
partidos para uma fé que alimenta a vida
Hoje
somos as crianças nuas das sanzalas do mato
os garotos sem escola a jogar a bola de trapos
nos areais ao meio-dia
somos nós mesmos
os contratados a queimar vidas nos cafezais
os homens negros ignorantes
que devem respeitar o homem branco
e temer o rico
somos os teus filhos
dos bairros de pretos
além aonde não chega a luz elétrica
os homens bêbedos a cair
abandonados ao ritmo dum batuque de morte
teus filhos
com fome
com sede
com vergonha de te chamarmos Mãe
com medo de atravessar as ruas
com medo dos homens
nós mesm
Amanhã
entoaremos hinos à liberdade
quando comemorarmos
a data da abolição desta escravatura
Nós vamos em busca de luz
os teus filhos Mãe
(todas as mães negras
cujos filhos partiram)
Vão em busca de vida.
AGOSTINHO NETO
(1922-1979)
Comentários
Emocionante este post.
Passei aqui por acaso e gostei desse lugar!
Me emocionei com essa poesia.
Triste mas linda!
Hoje ninguem precisa mais temer a ninguem!
Somos todos irmaos,somos todos iguais!
Porem a muitos ainda precisando de uma cosciencia mais humana!Estes sim é que ainda precisam ser libertos!
Forte abraço e uma doce semana para ti!
Adorei.
abraços
de luz e paz.
Hugo
2 a 1 que pena bjs marcia.lindo o seu post cheio de reflexões!
Triste, mas tão divino.
Inspiração de Deus!
Um abraço!
entrei sem pedir licença;
AMEI o que li, e meus olhos se emocionaram
POSSO VOLTAR ????
BEIJO DUMA PORTUGUESA
É triste na verdade a escravatura, e a manter-se porque o capital não conhece fronteiras, não tem alma, por isso não é humano. E a saudade de mãe aqui referenciada, é sem dúvida um dos pecados gerados por toda a injustiça das guerras e da exploração dos homens, pelo homem.
Virei por aqui mais vezes,se me permitires continuação de uma boa semana.
Bj
E que maravilhoso que é receber e sua visita,obrigada por ser o amigo que és!
Desejo a ti em cada amanhecer muita alegria, paz, amor, sorrisos, saúde,enfim, tudo que for maravilhoso que aconchegue a sua caminhada pela vida...beijos em seu coração!
Beijinho
E muitos sorrisos...
Beijos, amigo e fique com Deus.
Abraços,
Furtado.
Adorei sua visita maravilhosa, também me deliciei na poesia.
Gostei do teu espaço.
Bjs
Mila Lopes
Um dia chega a nossa hora assim.
Amei... Bjos