Kito desfaz-se da Arosfran


Poucos meses depois de denúncias de investigadores norte-americanos que relacionavam os sócios libaneses dos três grupos com o financiamento do terrorismo, Francisco Dias dos Santos “Kito” e o seu sócio libanês, conhecido como Cassyme, já não têm mais interesse nas empresas Arosfran, Golfrate e Afribelg. Nas acusações, o principal visado era o empresário libanês Cassyme, que tinha o maior número de acções da Arosfran, grupo onde também estava associado Francisco Dias dos Santos “Kito”.

Segundo apurou o Semanário Económico, o novo proprietário, de nacionalidade francesa já avisou os trabalhadores que pretende fazer “mudanças profundas” e que não tem intenção de indemnizar quem deixar o grupo, atirando essa responsabilidade para os antigos patrões. Esta intenção é que causa maior preocupação aos trabalhadores do grupo, uma vez que Francisco Dias dos Santos e o seu antigo sócio já se desfizeram da empresa. Entre os trabalhadores em risco de ficar sem as respectivas compensações, em função do tempo de trabalho, estão pessoas com mais de 12 anos de serviço, sobretudo nas empresas do grupo Arosfran, o mais antigo.

A intenção do novo proprietário foi transmitida na semana passada, durante uma reunião na sede, localizada no Hojy-Ya-Henda que garantiu, no entanto, não ter intenções de despedir ninguém.

A Arosfran notabilizou-se no princípio dos anos 90, na venda de bens de consumo, como arroz, massa alimentar, frescos, farinha de trigo, óleo alimentar e tantos outros.

Mais tarde surgiram outras empresas que permitiram que o grupo desse saltos significativos. São os casos da divisão de segurança patrionial, a Zanuza, e também a fábrica de utensílios de plásticos.

Francisco Dias dos Santos diz ao Semanário Economico que não havia outra solução e a nova condição lhe deixa com uma lágrima no canto do olho. “Como empresa, ela (referindo-se a Arosfran)não existe mais. Caberá ao novo dono atribuir o nome que bem entender. Existiram em função disso alguns danos, mas a vida é assim. Vamos ter de aprender a conviver com esta nova condição.

Tivemos à frente da empresa durante muito tempo, mas infelizmente, por razões alheias à nossa vontade, tivemos que nos desfazer dela.

É uma empresa que já liderava o mercado da distribuição alimentar há longos anos, fruto de um trabalho aturado. Muitos dos actuais trabalhadores nos ajudaram a erguer este “edifício Arosfran”.

Francisco Dias dos Santos anuncia que o novo dono da Arosfran é de nacionalidade francesa, em representação de outra entidade.

Historial

Fundada a 21 de Janeiro de 1991, a Arosfran absorveu uma considerável mão-de-obra, em momentos críticos da vida económica do país. Estima-se que a empresa possuía mais de três mil trabalhadores nas diversas aéreas e sectores que compõe a empresa, nomeadamente, pessoal administrativo, gerentes de armazéns, caixas, operários da fábrica de utensílios de plásticos, motoristas e pessoal da segurança patrimonial.

Para além de Luanda, a empresa estava representada em algumas províncias do centro e sul do país, concretamente, Huambo, Bié, Benguela, Huíla e Namibe.

A Arosfran tem ainda interesses nas províncias de Malanje, KwanzaSul, Cabinda, Moxico, Kuando Kubango e Luanda.

A empresa mantém também escritórios nas províncias das Lundas Norte e Sul. Quanto a Afribelg, os seus supermercados estão instalados nas províncias de Luanda, Cabinda e Benguela. A criação da empresa teve as impressões digitais de Artur Almeida e Silva, que depois se desvinculou da mesma. Até então líder do mercado de distribuição de géneros alimentícios, está anunciado o fim daquela empresa que simbolizou o sustento de muitas famílias.

Miguel Kitari
4 de Julho de 2011 00:24

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